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30 de janeiro de 2011

Hey darling, I hope you're good tonight (parte II)

Epílogo: “Mas chegará o instante em que me darás a mão, não mais por solidão, mas como eu agora: por amor.” - Clarice Lispector

Para acompanhar a história desde o início, clique em Parte I.

             Olhei pelo olho mágico quando eu vejo algo que com certeza me deixou pasmado.

Confesso que fiquei deveras surpreso ao olhar por aquele buraquinho indiscreto. Uma linda morena, branquinha feito algodão. Seus cabelos castanhos de uma intensidade que só vendo para crer. Pensei por alguns segundos em não atender, pois estava com aquela cara amassada que a gente fica depois de algumas horas bem dormidas. Mas sinceramente, não poderia perder uma oportunidade dessas. Afinal, “a felicidade não bate duas vezes na mesma porta”, como diria um velho dito popular.

Destranquei a porta depressa, com medo daquela criatura mais que perfeita ir embora. Ela abriu um sorriso que me fez ficar inebriado.
- Com licença, acabei de me mudar para o apartamento da frente, o 569, e ele está com um pequeno vazamento na torneira da cozinha. Será que você poderia me ajudar? Se não for nenhum incômodo, claro.
Eu fiquei boquiaberto. Nunca havia sido chamado para a casa de uma mulher. Não para algo em que não tivessem envolvidas segundas, terceiras e até quartas intenções.
- Claro, você precisa disto agora?
- Se possível. – e sorriu. O sorriso mais lindo que já havia visto. Uma mistura de sensualidade de mulher com mais experiência, juntamente com a inocência de uma criança.
- Tudo bem então. Só vou me trocar e logo aperto a campainha.
- Não será preciso. A porta estará aberta. Só entrar.
E virou as costas, me deixando desnorteado. Pela primeira vez eu não pensei em nada mais do que apenas ajudá-la no que precisava. Juro. Nada mais.
Entrei. Corri para o quarto na busca incessante de algo que fosse bonito e confortável. E como sempre, não tinha nada parecido. Estava tudo para lavar. Sabe como é. Um homem, de vinte anos, sozinho. Não tem muito tempo para isso.
Arranjei uma calça mais surradinha, uma regata para espantar o calor. Permaneci de chinelos. Lavei o rosto por alguns minutos até ter a certeza de que aquilo estava mesmo acontecendo. Passei um pouco de perfume, afinal eu queria impressioná-la. De fato estava estranhando essas minhas atitudes. Mas enfim, tinha que ser realmente depressa. Não poderia deixar essa chance escapar pelas mãos.
Caminhei em linha reta até chegar à porta do apartamento 569. Ela estava entreaberta. Abro-a devagar. Parecia estar vazia. Caminho em direção à cozinha. Quando paro no beiral da porta e observo, extasiado, aquela cena. Mal pude acreditar no que meus olhos viam. Seria um sonho?





Peço desculpas pela demora em postar a segunda parte do conto. Estava meio sem tempo de sentar e escrever as idéias que tinha na cabeça. Prometo já deixar adiantada a terceira parte e posto assim que conseguir um tempinho. Mas até sexta já estará aqui. E podem ter certeza: ainda não é no terceiro capítulo que a história terá um desfecho. Portanto, peço a compreensão de todos os leitores e que continuem trazendo os bons frutos que sempre trazem nos comentários. Vejo vocês em breve. Obrigada pela atenção, Pamela Moreno Santiago.

26 de janeiro de 2011

Hey darling, I hope you're good tonight (parte I)

Foi como se não houvesse mais ninguém que pudesse preencher o vazio que ela deixou em meu peito. Sim, foi assim que me senti todos os dias ao acordar e tatear o lado esquerdo da cama na procura de seu corpo.
Antes de dar início aos fatídicos acontecimentos que irei descrever, meu leitor, gostaria de apresentar-me. Chamam-me de Rodrigo. Nome o qual culpo até hoje minha mãe de tê-lo escolhido. Acho que Paulo, Leonardo fazem mais a minha cara. Tenho agora pouco mais de vinte e cinco anos. Sim, eu sei meu leitor que você quer saber com precisão minha idade, mas há certos detalhes na vida de um homem que devem ser deixados de lado. E esse é um deles. Sou completamente – repare que quando digo “completamente” me refiro a corpo e alma – apaixonado por Mariana.
Morena de cabelos, branca de corpo. Lembro-me de quando nos conhecemos. Não pude deixar de reparar nesta estrondosa diferença de cores entre eles. Sempre dizia que o sol lhe mandava lembranças. Talvez este fosse um de meus defeitos. Sabia perfeitamente como ser indelicado.
Enfim, após um breve epílogo de descrição dos personagens principais da história em questão, iremos à narrativa enfim.
“Era uma vez.” Não Rodrigo, seu burro de carga. Somente as histórias de princesas começam assim. A minha se inicia com um simples:
Era uma tarde como outra qualquer. Voltava do emprego mais chato que já tivera até então. Ao menos ele me dava possibilidades de ter certas comodidades. Com vinte anos já era independente. Morava sozinho, num apartamento em que cabiam eu e meus poucos móveis. Sentei no sofá velho, já desbotado. Puxei do bolso da calça a pequena caixinha, que mais parecia àquelas antigas, em que vinham doces. Puxei de dentro um cigarro. Passei a mão esquerda pelo chão, procurando os fósforos. Acendi e dei a primeira tragada.
        A fumaça saiu com certa dificuldade. Nunca em meus 6 anos de fumante isso havia acontecido. Acho que dessa vez o estress não sairia tão fácil de mim. Não com um cigarro apenas. Fumei o maço todo de dento da caixinha. A cada cigarro uma sensação diferente. Sufoco. Tosse. Ânsia. Enfim me acalmei.
Alguns amigos ligaram me chamando para uma nova balada que havia aberto. O lugar não poderia ser mais perfeito. Rua Augusta. São Paulo. Conhecida pelos diversos “bordéis” – tá, eu sei que a gente chama mesmo é de puteiro, mas para ficar uma coisa mais estética, bordel está de bom tamanho - , pelas mulheres de vida fácil – depende do ponto de vista - , pelos diversos bares, em que todos bebiam até caírem e serem carregados. Vegas. Um espaço todo decorado no estilo Las Vegas dos anos 80. Parecia ser interessante.
Resolvemos nos encontrar na frente da tal casa noturna por volta das vinte e três horas, pois como era noite de inauguração a casa provavelmente estaria lotada. Fazia calor naquele fim de tarde. Sinceramente, calor não era algo de que eu me orgulhava. Sempre preferi o frio. Mas iria tardar a vir este ano - o famoso e atual “Aquecimento Global” já fazia suas primeiras visitas.
O tempo custava a passar. Estava cansado o suficiente para dormir no sofá mesmo. Acordei com o barulho da campainha. Olhei assutado para a janela e já havia escurecido. Depois para o celular. Ainda eram vinte horas. Levantei e caminhei até a porta. Olhei pelo olho mágico quando eu vejo algo que com certeza me deixou pasmado.


Texto escrito especialmente para o Projeto Créativité, na Edição C&F 

23 de janeiro de 2011

I'm falling for you


- Eu não consigo viver sem o teu amor.
Foram essas poucas palavras que consegui sussurrar em seus ouvidos, enquanto ele tocava uma música apaixonante em seu violão. Aquela voz macia que me acorda todos os dias cantou em sussurros:
- Don't be afraid if I go crazy for you. Don't be surprised if I fall at your feet. I don't care about what they think of me. I don't know what to do. 'Cause I'm falling for you (for you).
Como ele podia ser tão irresistível assim? Ver de perto aqueles olhos negros, aquele cabelo bagunçado, que por tantas vezes fui eu quem os causou, sentir o toque de suas mãos nas minhas. Não poderia haver momento mais perfeito que aquele.
Era a primeira vez que viajávamos sozinhos. Lembro-me como se fosse ontem do momento em que chegamos naquela pequena cabana no campo. Parecíamos um casal de recém casados indo passar seus dias de núpcias longe de todo o mundo. Você me carregou no colo pela porta. Confesso que por mais lindo que aquilo estivesse, eu ri por dentro, imaginando o que meus pais fariam se tivessem visto esta cena.
- Enfim sós. – você disse com aquele sorriso torto. E que sorriso. Você não faz idéia de como eu amo ver esta sua boca tão perfeita se desdobrar e me fazer sorrir junto.
Passamos boa parte dos dias lembrando como muitos de meus parentes e amigos o julgaram no começo de nosso relacionamento.
- E sabe, eu não me importo sobre o que pensam de mim.  Me importo com o que pensam sobre nós. Isso sim. Preocupa-me a falta de confiança em nosso amor. Será que são todos tão cegos que não podem ver que é verdadeiro. Que é algo que eu nunca senti na vida? Dá para se perceber no olhar um do outro. Lembra de quando nos conhecemos? Todos os meus amigos diziam que isso iria terminar em casamento. E olha onde estamos. Na nossa lua de mel adiantada.
Confesso que ri sobre esta última parte. E você também.
Dez dias foram suficientes para nosso amor se solidificar mais.
- Eu vou manter você no meu coração. Eu não posso viver sem você e não vou te deixar partir. – novamente não tive palavras para demonstrar o quanto você já faz parte de mim.

Texto escrito especialmente para o Projeto Bloínquês, concorrendo à 53ª Edição Musical.

19 de janeiro de 2011

O amor machuca, mesmo quando é certo ou errado

   Assim que eu e Rodrigo chegamos em casa, começou a discussão.
        - Você não tem que acreditar em mim. Eu sei que o que fiz não é o que você acha que fiz. Somente eu tenho que me preocupar com isso. – disse ele.
        Eu olhava para um ponto fixo na parede. Um pequeno buraquinho que por alguns segundos me fez esquecer o motivo da briga. Já ouvia a voz de Rodrigo longe quando comecei a me recordar do momento em que aquele pequeno buraco foi formado.  Eram sete horas da manhã do dia cinco de novembro. Eu dormia desajeitada no sofá, esperando só a hora dele entrar em casa. Uma mão segurando a ponta do travesseiro. Essa era uma das muitas manias que ele tanto odiava. Na outra, o guarda-chuva que ele também odiava.
         - Esse trambolho. Não sei por que leva ele para cima e para baixo. Nunca chove mesmo. Isso só faz volume. Qualquer dia vou chegar e tacá-lo janela a fora.
        Toda vez que eu ameaçava pegar ele, era esse blá blá blá sem fim. Mas voltando ao assunto de como aquele buraquinho apareceu ali. Ele chegou em casa as oito da manhã. O sol estava começando a entrar por entre uma fresta da janela da sala, o que já me fazia abrir os olhos e bocejar freneticamente. O barulho da maçaneta da porta me deixou atenta. Era ele que havia chegado provavelmente virado em mais uma de suas “reuniões”. Aham, ele achava que eu era trouxa o suficiente para não desconfiar de uma traição. Assim que entrou, eu atirei o guarda-chuva, que por pouco não o acertou. Mas você veio com essa cara de cafajeste, e com esse corpo – e que corpo – e eu me esqueci de tudo.
        Ah, mas isso não iria acontecer desta vez. Encontrei Rodrigo na beira da piscina, na casa de praia de uns amigos da época do colégio, aos beijos com uma loira de farmácia – desculpem-me as loiras que lêem este texto, não são vocês, e sim ela-, cujo nome era Priscila. Não sei por que nunca tive simpatia com esse nome, enfim. E ele ainda vem o caminho inteiro dizendo que estava equivocada, que o que ele estava fazendo não era o que eu havia visto. Desculpem-me o trocadilho, mas até um cego veria que ele estava sugando a moça.
        Voltando a cena da briga, relembrar estes fatos só me deu mais coragem de jogar em sua cara algumas verdades.
         - Você não merece um ponto de vista, se a única coisa que você vê é você. – Há muito tempo queria dizer que ele só olha para si mesmo. Mas na hora de apontar defeitos e atos, ele nunca se olha no espelho.
         Ele me olha com aquela cara de cachorro abandonado. No fundo – bem no fundo – me deu até dó. Mas logo foi esquecida, e no lugar entrou o ódio. E não posso parar porque eu estou me divertindo muito.
        - E quer saber de uma coisa? Toda minha vida eu fui boa. Mas agora estou pensando em viver um novo estilo de vida, e que se dane. Eu não me importo se você me ama, se você me odeia. Eu prefiro ficar com raiva a sentar e esperar o dia todo por você. Não me entenda mal, eu só preciso de um tempo para brincar e ser feliz.

Texto escrito especialmente para o Projeto Créativité, nas Edições C&F e Musical. Indico ler o texto ouvindo a música: 
 

16 de janeiro de 2011

O segredo de Elizabeth

Noite do dia quatro de janeiro de 1943. Era inverno. O frio tomava a cidade de Vladivostok, na Rússia, um lindo cenário para os românticos. Muitos casais das classes de prestígio de localidades próximas iam para a praça central. No coreto, na Rua de Kendall, alguns jovens aspirantes à artistas tocavam seus violinos e violoncelos. Músicas calmas, clássicas, o que tornava aquilo cada vez mais perfeito.
Não muito longe dali, na Rua Homestead, 3 homens e uma moça discutiam, exaltados.
- Vocês nunca encontrarão a arca com as almas da 1ª guerra que foram capturadas. – dizia a moça, com certo ar de desespero em sua voz. Talvez com medo do que viria adiante. – Eu disse que nunca irão encontrar.
E nunca a encontrariam, pois estava enterrada bem fundo. Em um lugar que eles nem imaginariam.
Elizabeth vinha da alta sociedade, da família Lauderdale. Seu pai, Fourmi esteve presente no dia em que as almas andarilhas dos mortos nos combates da 1ª Grande Guerra Mundial foram finalmente aprisionadas, para que toda a onda de mal passasse. Esse era um dos segredos de família, daqueles que só poderiam ter sido revelados minutos antes da morte de Fourmi.
- Minha linda filha Elizabeth, preciso lhe contar algo e o faço agora pois tenho medo que morra e leve este segredo comigo. – dizia Fourmi em seu leito de morte.
E foi assim que toda a história foi passada para Elizabeth. Ela prometeu, como um último pedido de seu pai, que não importava o que acontecesse, ela defenderia a arca das almas com unhas e dentes. E se preciso, com sua própria vida.
Já era manhã do dia 5 de janeiro, e os primeiros raios do outono entravam aos poucos na cidade, deserta por ser muito cedo ainda. Elizabeth completaria seus preciosos 20 anos neste dia da nova estação que nascia juntamente com ela outra vez.
Infelizmente não era isso o que se via na Rua Homestead. Elizabeth estava caída. Desmaiada? Não. Morta. Ela havia cumprido a promessa do pai. Defendeu a arca com sua própria vida.
Os três homens que estavam com ela? Procuraram em vão o que desejavam. E nunca a encontrariam, pois estava enterrada bem fundo. No coração dos que já haviam morrido, protegendo-a.


Texto escrito especialmente para a 50ª Edição Conto/ História do Projeto Bloínquês. 

13 de janeiro de 2011

Eu estarei te amando até o primeiro raio de luz



   Dos dias de sol. É disso que eu realmente sinto falta. Desde que você se foi, a pouco mais de uma semana, meus dias são apagados, chuvosos, tenebrosos, silenciosos. Posso ouvir com clareza o momento em que as gotas de chuva se esparramam pelo chão. Como se meus sentidos tivessem se aguçado como nunca antes. Não. Uma vez meus sentidos sublimaram.
   Era noite de sábado. Aproximadamente as 22. Chovia forte. E eu preocupada em onde você poderia estar. Do quarto, ouço a porta abrir devagar na sala. Caminho por entre o corredor, desço as escadas e te encontro no hall, retirando o casaco encharcado. À partir daí você sabe o que aconteceu. Na cama, no êxtase, nós dois alcançamos a perfeição. Juntos. Todos os sentidos, de certa forma, perfeitamente vivos.
   Talvez aquela noite foi a das mais primorosas, a mais pura, a mais sublime que tivemos em todos estes anos. Quando falo todos estes anos parecem ter sido 10, 20 milhares. Não. Foram apenas 2. Vividos com grande intensidade, com veemência, com vivacidade, com esplendor, com tesão. Dos meus pouco mais de 35 anos de idade, foram os únicos 2 ao seu lado que não me fizeram desistir da felicidade, da alegria, do entusiasmo, da satisfação, do riso. Do prazer.
   Escrevi esta carta pensando em todos nossos momentos mais maravilhosos, pois isso ninguém poderá tirar de nós dois. Nosso.
   Sinto saudades de todos esses 730 dias juntos. E apenas 24 horas para o fim. Sempre odiei despedidas, então digo um apenas até breve meu bem.


5ª Edição C&F

10 de janeiro de 2011

Do lado de lá.

" Viverei, sim, este amor único,
sem necessidade de canalizar,
herdando este tempo lúdico
de fantasiar e somente suspirar ... "


E foi assim que Isabella pôde perceber que o que ela sentia por Diego tinha nome. Amor Platônico. Nome bonito perto das crises de ciúmes e da distância, esta que insistia em ficar entre os dois. O fato de ela ter 16 anos também não ajudava muito. Já havia decidido. Juntaria todo o dinheiro possível, e assim que fizesse seus 18, partiria em busca de seu amor verdadeiro, aonde quer que ele estivesse. Nem que fosse para passar umas poucas horas ao lado dele.
Isabella era do tipo de adolescente que sonhava todos os dias com príncipes encantados, com o seu amor verdadeiro. Passava boa parte de seu dia entretida com os amigos no msn. Foi em um dia de chuva que ela conheceu Diego. 21 anos, carinhoso. Aquela cara de cafajeste embutido atrás dos belos olhos verdes, do cabelo bagunçado, daquele sorriso que poderia levar qualquer mulher ao delírio só de admirá-lo. Era o homem que se encaixava perfeitamente em seu modelo de príncipe perfeito. Talvez seus pais tivessem um colapso quando o vissem, mas Isa nem ligava. Apenas o amor dos dois bastaria.
Passados alguns meses desde o dia em que se conheceram, Isabella pôde conhecer Diego de formas que ela jamais conhecera alguém. Já conhecia todos os seus defeitos, todas as suas qualidades, sem ao menos tê-lo tocado, tê-lo sentido. Começou a desconfiar de alguns recados no Orkut e também de algumas frases de subnick de msn. Até o dia em que ele coloca em seu Orkut o nome daquela garota que o perseguia durante esses tempos. Logo em seguida, o mais temido por ela: 


Onde está o amor que ele sentia por Isabella?

- Era apenas um amor platônico meu bem. NUNCA iria se concretizar. Eu vou seguir a minha vida muito bem acompanhado. E você? Você que siga sozinha.


6 de janeiro de 2011

As almas têm o enlace. ¹

"Eu estou caindo, será que você não vê meu amor? Não me deixe aqui sozinho. A terra é fria e estou cada vez mais longe do aroma das coroas de flores, e do seu, do seu aroma de rosas que me deixa cada vez mais inebriado. Tenho a impressão de estar indo para o inferno. Por favor, me salve. Me dê a vida."

  Acordou com o ruído de uma porta que se fechava pesadamente lá embaixo, no térreo. Foi a primeira vez em que ela sentiu a presença de Rodrigo desde o fatídico dia que tirou a vida dele. Um acidente de carro. Madrugada. Morte instantânea, sem dor, sem sofrimento. Essa era a única coisa que consolava a dor de Rebecca. Mesmo a alguns quilômetros de distância, ela pode pressentir que algo havia acontecido. Seu coração gritava de um jeito qaue ela nunca tinha presenciado. Só um amor verdadeiro é capaz dessa proeza. E com certeza, o deles era. Nunca foi visto algo assim. Raro. No enterro não chovia como na maior parte dos filmes. Ao contrário, o dia estava irradiante e o sol a pino. Jogou em cima da lápide as flores que ele havia lhe dado dois dias antes. As suas favoritas. Eram as rosas mais vermelhas que ela viu em sua vida até então.
  Demorou até ela se recompor de suas recordações. A porta acabara de se fechar quando ela vestiu seu roupão, calçou seus chinelos e desceu, lentamente, com passos espaçados, vagarosos, a escada em forma de caracol. Não havia sinal de ninguém no hall de entrada. Não havia sinal de ninguém na casa toda. Caminhou até a porta que a pouco a fizera acordar de mais um pesadelo e pôde constatar que a mesma estava trancada. Abriu-a. No tapete de boas vindas, um buque de rosas vermelhas. As mais vermelhas que ela viu em sua vida até então.







3 de janeiro de 2011

Meu amado Amigo Imaginário.

São Paulo, três de janeiro de dois mil e onze.

  Bom dia Fred,

   Faz um tempo que você não aparece por aqui. Sinto tanta falta de quando me vias dormir, sentado na beirada da cama, velando meu sono e afastando de mim os sonhos ruins e os seres extraordinários que só aparecem no calar da noite.
   Pois é, acho que cresci demais e você teve que partir em busca de outras crianças que precisavam de ajuda tanto quanto um dia eu precisei.7 anos. Nunca havia pensado que o momento de me tornar uma moça seria tão decisivo para nós. Foi a última vez que seus olhos pousaram sobre os meus. Fez-se silêncio, e você partiu sem nem ao menos dizer-me adeus.
  Achei o endereço da Convenção de Amigos Imaginários entre papéis de carta, adesivos, fotos e lembranças daquela época. Não sei se você ainda o freqüenta, mas não custa nadar tentar, não é mesmo?
   Desculpe pelas vezes que não pude estar perto de você. Pode ter certeza que o queria, mas não foi possível. Espero de todo coração que estejas bem, divertindo seu novo protegido, assim como fizeste comigo.
    Aaah, e se puder, faça uma visita de vez em quando. Tenho dezenove anos, mas a mesma alma daquela época.

                Com saudades, 
sua menininha.


                         
Texto escrito especialmente para a 25ª EDIÇÃO CARTAS - AMIGO IMAGINÁRIO , do Projeto Bloínquês.




1 de janeiro de 2011

Essa distância que nos separa.

 

       Mal começara a contagem regressiva e meu coração já se encontrava em prantos. Recordar cada detalhe, cada conversa, cada sorriso e os tantos choros que tive ao longo do ano só me fizeram ficar cada vez mais mal. Lembrar de cada beijo, cada abraço, cada eu te amo me fez perceber o quanto fui tola em me importar com quem queria, no fundo, só se divertir às custas de alguém. Mas foi aí que você - é, você mesmo - apareceu. Pode ter sido num momento de fraqueza, de carência, mas mal sabia o quão importante seria este momento. Lembro-me como se fosse ontem do dia cinco de dezembro de 2010:

- Obrigada por aceitar *-*. rs.
- (=
- Tem msn?
- ....

      E assim começou algo muito importante para mim. Embora você sempre tenha deixado claro que tudo não passaria de uma curtição, não pude deixar de me apaixonar por esses olhos castanhos, por essa boca que se encaixa tão perfeita na minha, e que por muitas vezes me deixou sem fôlego apenas por olhá-la com mais afinco.
       Foi na contagem regressiva que eu lembrei de você. Essa distância que nos separa. Imaginei se estaria bem junto de seus amigos na Avenida Paulista, afinal 2 milhões de pessoas é tão pouquinho para se preocupar não é? Me preocupei mais do que deveria. E o faço todos os dias, desde a hora que abro os olhos, até a hora em que os fecho. Mas você é tão irresistível.
         E, afinal, como você mesmo me disse um dia:

- Nos conhecemos por acaso e adorei isso (:

         Esse é só o começo. Torço para que nunca tenha fim.

FELIZ 2011 MEU AMOR.


Novidades Cereza Ambulante©.

Juntamente com o primeiro post do ano, vem as novidades \o . E lá vamos à elas:


Parte I - Selos com destino certo na página Cerezas Presenteadas . Aproveita e corre lá que 5 blogs já foram premiados. :)
Parte II - Assinatura no fim de cada post, com direito à: nome do blog e da autora que vos escreve.
Parte III - ABC: a cada, aproximadamente, 15 dias, e com base no alfabeto, serão escritas frases, citações, poemas, ou algo ligado ao gênero literário e expressivo, o qual será iniciado com uma das letras correspondentes e sendo eitas na ordem direta e cronológica dos fatos; ou seja: a - b - c - d e assim por diante.
Parte IV - Ao final de cada post também virá a tag "No CD Player", que nada mais é a música que estou ouvindo no dia, no momento ou que serviu de inspiração. 


Em breve mais!