Dracaena.
“A cidade que havia abrigado meus pais alguns anos antes não poderia ter sido destruída de uma hora para outra. Tem que haver alguma explicação para tal acontecimento. Mas, qual seria?”
As casas estavam abandonadas. Não havia nenhum sinal de vida por todos os lados que Mabilli olhava. Nenhum animal voando pelo céu cinzento. Nenhum ser rastejante, pelo concreto revirado e pelo asfalto frio como o gelo. Tudo parecia um deserto as avessas.
Os carros permaneciam no lugar em que seus donos os haviam deixado.
Nem sempre Dracaena havia sido assim, morta. Há um tempo remoto, a cidade abrigava os mais belos habitantes da Europa. Havia flores por todo lado. Coloridas. O amor estava a cada quilometro quadrado.
“O mais incrível é? Para onde todos teriam fugido? Não há sinal de corpos, vivos ou mortos.”
Pois não deixava de ser verdade essa sua observação. O que ela descobriria dentro de instantes era que a maioria dos seres humanos havia sido extintos. E ela nunca acharia seus corpos, porque eles estariam vagando pela cidade. Você pode também chamá-los de zumbis. A palavra zumbi deriva provavelmente do africano “nzambi”, que significam “dividade” ou “espírito ancestral”.
Mas voltemos ao assunto. O restante dos humanos dali teria conseguido fugir e se esconderam em lugares antes nunca habitáveis. Mas ninguém de outras regiões sabia ao certo onde ficava esse lugar. Eram apenas hipóteses também, pois nunca alguém havia comprovado de que essas informações eram, de fato, reais.
Mabilli havia saído de férias fazia cerca de quatro meses, e só retornava a sua cidade natal em meados de novembro. Fazia frio e muitos meios de comunicação haviam sido cortados pelo mau tempo. Infelizmente ela não teve como saber o que havia ocorrido ali.
Ao longe, o som de uma marcha corria ate os ouvidos dela. Uma marcha lenta, que era acompanhada de gemidos e gritos de horror. Era chegada do ato final. No meio de um bando de pessoas mortas-vivas, um sobrevivente era trazido em cima de o que parecia ser uma mesa.
Seus olhos tentavam reconhecer aquele homem.
“Alexander? Não poderia ser ele. Será?”
Muitos anos mais tarde ela diria em uma entrevista a um jornal: “O destino dele dependia de mim naquele momento.” Não digo que ela estivesse errada, mas se não fossem os outros, ela nunca teria tido chance de salvá-lo.
O cortejo prosseguia e nenhum dos zumbis havia notado sua presença. Até que ...
Boa noite pessoas lindas do meu blog. Venho com o primeiro capítulo de Dracaena. Não sei se haverá continuação, pois isso dependerá muito de minha criatividade, tempo e imaginação fértil. Mas vamos lá, não é mesmo? Ah, já ia me esquecendo. O trecho "O destino dele dependia de mim naquele momento" é a pauta da 93ª edição Conto/história, que faz parte do Projeto Bloínquês. Até a próxima queridos. E uma maravilhosa semana.