Epílogo: “Mas chegará o instante em que me darás a mão, não mais por solidão, mas como eu agora: por amor.” - Clarice Lispector
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Olhei pelo olho mágico quando eu vejo algo que com certeza me deixou pasmado.
Confesso que fiquei deveras surpreso ao olhar por aquele buraquinho indiscreto. Uma linda morena, branquinha feito algodão. Seus cabelos castanhos de uma intensidade que só vendo para crer. Pensei por alguns segundos em não atender, pois estava com aquela cara amassada que a gente fica depois de algumas horas bem dormidas. Mas sinceramente, não poderia perder uma oportunidade dessas. Afinal, “a felicidade não bate duas vezes na mesma porta”, como diria um velho dito popular.
Destranquei a porta depressa, com medo daquela criatura mais que perfeita ir embora. Ela abriu um sorriso que me fez ficar inebriado.
- Com licença, acabei de me mudar para o apartamento da frente, o 569, e ele está com um pequeno vazamento na torneira da cozinha. Será que você poderia me ajudar? Se não for nenhum incômodo, claro.
Eu fiquei boquiaberto. Nunca havia sido chamado para a casa de uma mulher. Não para algo em que não tivessem envolvidas segundas, terceiras e até quartas intenções.
- Claro, você precisa disto agora?
- Se possível. – e sorriu. O sorriso mais lindo que já havia visto. Uma mistura de sensualidade de mulher com mais experiência, juntamente com a inocência de uma criança.
- Tudo bem então. Só vou me trocar e logo aperto a campainha.
- Não será preciso. A porta estará aberta. Só entrar.
E virou as costas, me deixando desnorteado. Pela primeira vez eu não pensei em nada mais do que apenas ajudá-la no que precisava. Juro. Nada mais.
Entrei. Corri para o quarto na busca incessante de algo que fosse bonito e confortável. E como sempre, não tinha nada parecido. Estava tudo para lavar. Sabe como é. Um homem, de vinte anos, sozinho. Não tem muito tempo para isso.
Arranjei uma calça mais surradinha, uma regata para espantar o calor. Permaneci de chinelos. Lavei o rosto por alguns minutos até ter a certeza de que aquilo estava mesmo acontecendo. Passei um pouco de perfume, afinal eu queria impressioná-la. De fato estava estranhando essas minhas atitudes. Mas enfim, tinha que ser realmente depressa. Não poderia deixar essa chance escapar pelas mãos.
Caminhei em linha reta até chegar à porta do apartamento 569. Ela estava entreaberta. Abro-a devagar. Parecia estar vazia. Caminho em direção à cozinha. Quando paro no beiral da porta e observo, extasiado, aquela cena. Mal pude acreditar no que meus olhos viam. Seria um sonho?
Peço desculpas pela demora em postar a segunda parte do conto. Estava meio sem tempo de sentar e escrever as idéias que tinha na cabeça. Prometo já deixar adiantada a terceira parte e posto assim que conseguir um tempinho. Mas até sexta já estará aqui. E podem ter certeza: ainda não é no terceiro capítulo que a história terá um desfecho. Portanto, peço a compreensão de todos os leitores e que continuem trazendo os bons frutos que sempre trazem nos comentários. Vejo vocês em breve. Obrigada pela atenção, Pamela Moreno Santiago.